ANTINIILINA

Existe um certo tipo de "cadaver" muito peculiar na espécie humana que pode ser encontrado em cada esquina do mundo. À esse tipo, pode ser atribuido toda uma "mímica da morte" em que cada movimento pantomímico reflete no corpo e nos gestos, sua condição exangue de cadaver.

Os olhos sem brilho, espreitam semi serrados os acontecimentos aos quais, no fundo, ele desconfia; a boca caida, com os lábios trêmulos amarga o ambiente com azedumes previsíveis da voz: o sorriso de uma boca assim, amargada no refúgio do alcool, é sempre de canto parecendo denunciar sua "consciência infeliz"; o bruto do corpo, tronco, braços e pernas, refletindo essa melancólica consciência infeliz que padece, mantém-se como que sob a doença de parkinson em que o estado de paralisia extrema (da vontade, no nosso caso) provoca o intenso movimento.

Devido a esta constante agitação e excitabilidade letárgica do corpo, torna-se difícil reconhecer tal massa exangue em movimento, de fato, como um cadaver. No entanto, além daquela complexa pantomima dos traços e gestos, há um fator importante que salienta essa condição mórbida: a preferência pela noite, pela sombra, pelo mundo subterrâneo! À esse tipo de vida-morta, essa erva-daninha que cresce em terreno pantanoso, damos o nome sutil de "inimigos do sol" que, como espécie de Gremlins do espaço, quando chove, faz frio ou é noite, pululam seu rancor venenoso nos bares e encontros sociais do hospital chamado Terra.