ANTINIILINA

Só foi possível tentar retomar “os trabalhos” do ANTINIILINA falando em primeira pessoa. Não como um meio medíocre de auto-confissão egóica como acontece em algumas literaturas. Isto aqui é uma auto-análise explicativa da qual minhas próprias “plicas” são desdobradas e colocadas na mesa. Portanto...

Eu tive um encontro desesperado com a "lassidão" por duas vias inevitavelmente infalíveis: o primeiro e mais engenhoso foi por meio da caminhada da consciência rumo a sua completa olhadela no espelho que, algum dia, puderam nomear – e não apenas isso – como Niilismo; o outro encontro, mais impactante, mais abismal e completamente silenciador, veio por meio de um solavanco n’alma em que toda a sensibilidade dos sentidos parece ter sido voltada contra o próprio sentido do corpo e da própria sensibilidade; a esse movimento do campo da vivência que é o movimento inicial da consciência reflexiva, chamaram de Absurdo!

Chego a perguntar pela possibilidade deste mesmo duplo encontro ser possível em outro século; como o “flagelo” Nietzsche e o “flagelo” Camus puderam fundirem-se num só espírito tornando languido até as ramificações sanguíneas das pontas dos pés? Ei-la aqui, tomada em múltiplas formas; essa coisa é injetada levemente em minhas veias a cada noite que se segue sem esperança de amanhã. Não ouso nomeá-la, pois, assim, estaria pela linguagem cristalizando uma coisa que, definitivamente, é preciso deixar fluida, louca, selvagem, para que tome novas configurações, formas e abandone esse meu corpo que “quer” ainda uma vez pulsar. “Transformar lixo em ouro” eis a verdadeira força dos antigos que se me (nos) fosse o contrário em termos de força, isto, colocaria-me - juntamente com o sopro feliz dessa máxima -, na mesma posição de um Belerofonte que, com toda pujança e alegria, combateria essa terrível Quimera globalizada.